
Data: 01/12/2022 - Tempo de Leitura: 5 min.
O Marketing 3.0 é um verdadeiro “divisor de águas” no mercado do marketing. Antes, as campanhas publicitárias eram projetadas e lançadas nas mídias sem muito direcionamento. Hipoteticamente falando, era como usar uma “rede de arrasto” no mercado comercial para capturar todo tipo de consumidor – mesmo que não tivessem o perfil do público-alvo.
Podemos dizer que o resultado dessa forma de marketing também era bem similar ao da pesca por “rede de arrasto”. Assim como os frutos-do-mar indesejáveis não são aproveitados, os consumidores sem o perfil ideal não geram lucros para o negócio.
Comparações à parte, o que é de fato o marketing 3.0? Como surgiu, quais são os pilares e como aplicá-lo nas estratégias publicitárias da marca? Essas e outras perguntas serão respondidas em nosso artigo. Acompanhe os próximos tópicos!
O que é Marketing 3.0?
De acordo com o livro “Marketing 3.0 – as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano”, escrito por Philip Kotler, o conceito de marketing 3.0 é a etapa na qual as organizações deixam de focar amplamente no mercado para centralizar as estratégias na pessoa. Nesse cenário, os lucros são equilibrados com a responsabilidade do negócio.
Philip Kotler revela que o conceito é direcionado para:
- Resolução de problemas do consumidor;
- Humanização do relacionamento entre as marcas e os clientes;
- Autonomia e colaboração dos consumidores no processo de criação dos produtos e serviços das empresas;
- Reforçar a importância das ideias, opiniões e sugestões do público-alvo em relação os negócios;
Reconhecimento de que os valores, comportamentos, crenças e características dos consumidores são tão importantes quanto os produtos e as estratégias publicitárias das organizações. Em resumo, no marketing 3.0, o consumidor sai do papel secundário para o de ator principal nas campanhas comerciais.
Como surgiu o Marketing 3.0?
Existe uma frase que diz ser necessário pensar no passado para compreender o presente. É exatamente isso que faremos agora. Para entender melhor o conceito de marketing 3.0, voltaremos na linha do tempo de sua evolução que é composta pelas eras do marketing 1.0 e o 2.0.
O surgimento do marketing 1.0 aconteceu na fase da revolução industrial (entre os séculos 18 e 19). Nesse contexto, os bens de consumo eram produzidos pela indústria e comercializados para os consumidores. O objetivo do marketing era alcançar e convencer a massa populacional a comprar os produtos.
Para isso, as indústrias utilizam uma comunicação clara e direta por meio de frases de efeito que destacavam as qualidades dos produtos. No entanto, com o amadurecimento e mudança na mentalidade dos consumidores, as empresas notaram precisarem muito mais do que somente fabricar produtos.
Chegou o momento de olhar para as exigências do público-alvo, ou seja, produzir o que os clientes desejariam comprar. Essa é a base do marketing 2.0. Como principal característica desse conceito está a segmentação de mercado e definição do perfil do público-alvo. Dentre as metodologias que surgiram para facilitar esses objetivos, podemos destacar os 4 Ps do marketing (Produto, Praça, Preço e Promoção).
Os anos passaram, e com eles a sociedade evoluiu. Chegamos a fase da transformação digital, desenvolvimento de tecnologias e popularização da internet. De novo, a relação entre as marcas e os consumidores sofreu mudanças. Diante do “mar de opções” de produtos e serviços disponibilizados – e a um clique de distância dos consumidores – os clientes se empoderaram.
Muito bem informados, com sites de busca à sua disposição e inúmeras recomendações disponíveis nas redes sociais, os consumidores passaram a exigir um novo posicionamento das marcas. Esse é pautado na conexão emocional e experiência de consumo – os pilares do marketing 3.0.
Essa nova etapa do marketing ajuda as empresas a construir um propósito que se alinhe com o ponto de vista e a mentalidade do público-alvo. Dessa forma, os negócios ganham o “coração” dos consumidores. A consequência disso é a fidelização de clientes que divulgam os produtos e serviços das organizações para “os quatro ventos” do universo comercial físico e virtual.
Os três pilares do Marketing 3.0
Ainda fazendo referência ao livro de Philip Kotler, encontramos a resposta para a posição e relevância alcançada pelos consumidores. Segundo a obra, três mudanças sociais ou pilares contribuíram para isso. Quais são eles? Vejamos a seguir.
Colaboração
Nas fases anteriores do marketing, os consumidores eram apenas espectadores das campanhas publicitárias das marcas. Pensando nessa época, podemos recordar a cena bucólica de uma família sentada no sofá. Todos permanecem em silêncio, focados nos comerciais exibidos na televisão ou no rádio.
Esse comportamento passivo foi extinto pela chegada da internet, novas tecnologias (Smart TVs e dispositivos eletrônicos móveis), bem como ferramentas digitais (redes sociais e chats). A partir desse momento, os consumidores assumiram o papel de protagonistas das estratégias de marketing.
Uma vez que, ganharam autonomia (decisão sobre o que, quando e de quem desejam consumir produtos e se relacionar). Atrelada a autonomia veio a colaboração. Dessa forma, os consumidores começaram a participar dos processos de produção das empresas. Como isso acontece na prática? Por meio de:
- Comentários nas mídias digitais;
- Ações realizadas em projetos colaborativos para o desenvolvimento de produtos e serviços;
- Respostas em questionários online de satisfação etc.
Globalização
Outro pilar do marketing 3.0 é a globalização. Com a ajuda de tecnologias, o mundo (antes dividido em polos nacionais) se integrou. Em questão de segundos, uma informação é compartilhada entre pessoas e empresas nos quatro cantos do mundo. Dessa forma, as marcas moldam as suas estratégias de acordo com a cultura, perfil e economia de um determinado país – mesmo localizada em uma nação distante.
Para utilizar a globalização como “trampolim” para o sucesso das campanhas de marketing, os negócios tentam conectar pessoas e derrubar as barreiras culturais. Uma das maneiras de conseguir esse objetivo é inserindo as questões culturais no centro do plano de negócios. A partir daí, as marcas se alinham com as preocupações, necessidades e desejos dos consumidores.
O resultado é a criação de uma base de clientes que se estende por vários países. Em vista disso, uma marca se torna internacionalmente conhecida e amada por consumidores de inúmeras culturas. É assim que surgem as grandes corporações e os chamados unicórnios (startups muito valorizadas no mercado financeiro).
Criatividade
Por fim, o marketing 3.0 se embasa também na criatividade. Nesse pilar, tanto a tecnologia quanto o poder do compartilhamento de conhecimento, conceito, ideias e atitudes, são os principais sustentadores. Por que dizemos isso? Pois, o acesso fácil a um grande acervo de conhecimentos, gerou consumidores bem informados.
E com a ajuda de ferramentas digitais, toda essa informação pode ser aplicada na prática. Por isso, vemos consumidores produzindo conteúdo, desenvolvendo produtos e lançando novas tendências comerciais. Sim, os clientes ganharam um terreno fértil para cultivar sua criatividade – e o céu é limite.
Sendo assim, as empresas passaram a lidar com consumidores que também são concorrentes, além de conhecedores das técnicas, metodologias e conceitos ligados às campanhas publicitárias e as áreas comerciais. Para se adaptarem a esse novo contexto, o marketing 3.0 é utilizado para gerar conexão com esse perfil criativo dos consumidores.
Para tanto, as marcas:
- Solicitam feedbacks sobre produtos e serviços – clientes expõem suas opiniões em vídeos e comentários nas redes sociais;
- Fazem parcerias com influenciadores digitais – consumidores com um grande número de seguidores nas mídias e que recomendam os produtos ou serviços da marca;
- Abrem projetos colaborativos – uso de plataformas digitais ou realização de maratonas de inovação com o intuito de criar produtos e serviços com o auxílio de ideias vindas de consumidores.
Aplicando o Marketing 3.0
O sucesso da implantação do marketing 3.0 está em práticas bem estruturadas. Somente assim, a marca consegue entender os anseios e ansiedades, inerentes aos consumidores, que estão enraizados na cultura, tradição, meio ambiente e criatividade individual. Mas quais são as melhores práticas do marketing 3.0? A seguir, apontamos as principais.
Segmentação do público
Não há como criar experiências únicas e personalizadas sem primeiro segmentar o público. Isso seria “um tiro no escuro”. Para uma boa segmentação, a empresa precisa entender quem é o seu público, histórico de compras, desejos, necessidades, intenções, opinião sobre a marca (bem como produtos e serviços) e dores.
Como atingir esses objetivos? Uma das maneiras é coletar, analisar e armazenar dados sobre as ações e interações dos clientes com o negócio. Para isso, é importante utilizar ferramentas embasadas no conceito de big data, machine learning, inteligência artificial e people analytics.
Essas análises inteligentes estão presentes em diversas plataformas digitais, como softwares CRM e plataformas de social listening, além das redes sociais. Com base nessas ferramentas, é possível dar o próximo passo depois da segmentação: a criação de personas.
Otimizar a experiência dos clientes
As personas (representação semi fictícia do consumidor ideal) engloba todas as características que compõem diversos perfis consumidores inseridos no público-alvo da empresa. Esse conhecimento aprofundado permite que a marca ofereça a melhor experiência de consumo para os clientes.
Isso significa encantar os consumidores em cada etapa da jornada de compra. Eles sentem como se estivessem interagindo com alguém que os conhece de verdade – como um amigo próximo. Dessa forma, a empresa ganha a confiança, fidelização e divulgação por parte dos consumidores.
E qual é o impacto de uma boa experiência de consumo? De acordo com o estudo “Experiência é tudo – descubra o que realmente importa para o seu cliente”, publicado pela PwC:
- 42% dos consumidores aponta o serviço acolhedor e amigável como fundamental para uma boa experiência; e aceitam pagar mais caro para isso;
- 73% disseram que a experiência é um fator determinante para a decisão de compra.
Definir o propósito e o posicionamento da marca
Como ficou claro nos tópicos anteriores, o marketing 3.0 se conecta com os consumidores, levando as campanhas publicitárias a refletirem os anseios e necessidades deles. Para que o marketing da empresa atinge esse patamar, é preciso criar um propósito e posicionamento alinhado com os clientes.
Uma das principais maneiras de conseguir isso é por definir a missão, visão, valores, crenças e cultura do negócio. Por exemplo, a empresa pode direcionar todas essas áreas para o propósito de apoiar a sustentabilidade no planeta. Então, o seu posicionamento claro será defender o meio ambiente por meio de ações e práticas que reduzem os impactos negativos à natureza.
Diante dessa posição, os consumidores que pensam da mesma maneira se sentirão atraídos a marca – bem com suas campanhas, produtos e serviços. Segundo um artigo publicado pela Deloitte, a construção de um propósito passou a ser uma das prioridades estratégicas das grandes empresas. Por isso, os dados apresentados revelam que:
- 93% das empresas de alto crescimento estabelecem métricas-chave de desempenho relacionadas a declaração de propósito;
- 66% veem o propósito como um meio de orientar a tomada de decisões dos profissionais internos.
Invista no trabalho em grupo da equipe
O marketing 3.0 abre as portas da colaboração. Sendo assim, as marcas precisam sinalizar para o público-alvo que são verdadeiros parceiros no desenvolvimento dos produtos e serviços. Como fazer isso? Uma das melhores estratégias é realizar pesquisas de satisfação com os clientes antes, durante e após consumirem ou se relacionarem com a empresa.
Essas pesquisas podem ser feitas por e-mail, questionários simples postados na timeline da rede social da marca, telefone ou em interações via chat. Outra estratégia interessante é apostar na cocriação. Isso significa que os clientes darão suas opiniões sobre um produto (o que desejam ou não) antes mesmo de ser lançado.
Produza conteúdo de qualidade e valor para o público
O conteúdo é ouro! Sendo assim, é importante que a empresa produza conteúdo que agregue valor e seja relevante para o público-alvo. Dentre os formatos possíveis, podemos destacar: artigos, infográficos, webinars, e-books, vídeos interativos e anúncios pagos. Esses conteúdos devem ser construídos com base em boas técnicas de otimização para os motores de busca e algoritmos digitais.
Conclusão
Enfim, o marketing 3.0 é apenas mais uma fase a ser percorrida rumo ao futuro da publicidade. Enquanto a posteridade não chega, as marcas fariam bem em adotar as práticas reveladas neste artigo. Dessa maneira, os resultados positivos serão percebidos nos lucros e no melhor relacionamento com os clientes.
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